Os palazzi do Renascimento transformaram o pátio aberto da casa romana no "cortile", ainda aberto, mas que logo começou a constituir, no vestíbulo, o hall fechado, como nas casas desenhadas por Palladio. Pouco a pouco, o espaço de circulação e de intercomunicação entre os andares – que conecta os cômodos ou habitações - se transforma num espaço de uso social com um valor simbólico marcante.
Como elemento de transição do exterior para o interior, estabelece a passagem da cidade para o mundo mágico da riqueza e da cultura. A mensagem simbólica abandona a linguagem da arquitetura e cai no mundo das alegorias e da figuração. O esquema de desenho vai aumentando a leveza do espaço desde o térreo até a clarabóia cromática. Na entrada, predominan as colunas até o arco, que muda o nível do chão para acessar a escada. Ainda é neutro o espaço do ponto de vista decorativo, concentrando tuda a força expressiva na escada. Uma vez que se chega no "piano nobile", as imagens artísticas eliminam a percepção arquitetônica. Os muros são cobertos de painéis e murais com figuras femininas e alegóricas da mitologia grega. É o mundo clássico, atemporal, que mostra a eternidade da arte e da cultura, sob a proteção dos deuses do Olimpo.
Esse mundo de conto de fadas está relacionado com a valorização da riqueza do dono do prédio. Logo, com uma vida onde o tempo irreal estabelece a atmosfera da festa, do lúdico, do hedonismo, do tempo dedicado ao prazer, seja nas festas, nos banquetes, enfim, na vida frívola que a alta sociedade desenvolve, nesse contexto só definido pela arte: a música nas festas, a pintura, a escultura, que tem inserida dentro da arquitetura, que estabelece a envoltura.
Os balaústres da escada, os elementos decorativos nas paredes e teto, as esculturas e os elementos para a iluminação do interior criam uma vibração de luz e cores, que dissolvem o espaço na abertura da galeria do terceiro andar e na luz cromática do vitral que fecha o cortile.
Os visitantes, nesse processo de contínua imersão no mundo da cultura clássica, esqueciam o mundo exterior, a realidade, o vulgo, as contradições. Trata-se do nirvana que o poder da riqueza cria, a embriaguez dos sentidos, com a densidade da mensagem artístico.
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