Tanto na arquitetura colonial como no estilo Neoclássico, a representação dos elementos arquitetônicos era mais importante que as mensagens simbólicas baseadas na decoração.
   Esta particularidade se relaciona com a limitação dos recursos econômicos e técnicos, somada à carência de arquitetos e decoradores de alto nível no Rio de Janeiro. A decoração era um elemento pertinente à arquitetura religiosa, servindo principalmente à preservação dos mitos e à simbolização da divindade.
   A partir de Versalhes e Luís XIV, no entanto, é o poder laico que impressiona a comunidade. Tradicionalmente, o Estado constrói os prédios mais proeminentes. O Palazzo Vecchio, em Florença, ou o Palazzo dos Doges, em Veneza, eram simbolicamente mais importantes que os demais palácios destas cidades.
   O Neoclassicismo tinha ainda um objetivo coletivo, herança orgulhosa da racionalidade perspéctica do renascimento: a busca da coerência na construção da cidade. Era mais importante a organização das funções na cidade e a articulação entre elas, feitas através da constituição de vias, alamedas e avenidas, tratadas com um sentido de conjunto. Na colônia, esse constructo é determinado pelo trabalho conjunto dos artesãos, e pela homogeneidade da construção.
   Com o desenvolvimento econômico da burguesia, a riqueza se transforma em demonstração da capacidade individual. Aquele que nada tinha, de um momento ao outro poderia transformar-se num magnata. Por esta razão a arquitetura se transforma no elemento mais importante na identificação e representação da riqueza individual.
   No século XVIII, portanto, já é possível acontecer de um burguês suficientemente rico construir um palácio mais luxuoso do que os prédios do Estado. Mais ainda pode acontecer no século XIX: prédios privados, ou palácios, podem ser convertidos em símbolos do Estado¹